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Crítica da Publicidade: Um Resgate Histórico



            Discutiremos sobre o tópico citado no título, que se encontra no livro “História da Mídia – Campos da Publicidade e da Comunicação Institucional”, organizado pelas professoras Ana Luiza Coiro Moraes, Flavi Ferreira Lisbôa Filho e Marília de Araujo Barcellos. O livro possui vários autores, mas o texto em questão foi dissertado por Angela Lovato Dellazzana. Em suma, o estudo feito por Dellazzana resgata críticas e argumentos favoráveis sobre a publicidade de diversos autores em época distintas. 
            No início nos deparamos com um dos argumentos mais utilizados a favor da publicidade: Ela forma o mercado consumidor, assim, mantêm o desenvolvimento econômico. Para refutar essa colocação, a autora cita alguns estudiosos que vão contra esse pensamento. Cuesta Rute (2002) ressalta que a publicidade "fabrica mensagens, informações e até modelos de conduta", ou seja, ela interfere na vida do consumidor e ultrapassa os objetivos mercadológicos. Mas para outros autores, que compartilham desse argumento, essa influência que interfere além do ato de compra, é algo positivo, pois é possível utiliza-la como uma ferramenta educativa, já que a publicidade teria tamanho poder de persuasão.
           Voltando para os autores que são contra, temos o Grupo Marcuse (2006), que criticam não só a publicidade, mas também o sistema capitalista. Seus argumentos giram em torno do paradoxo que o publicitário vive, já que é necessário convencer o cliente que a publicidade pode persuadir o consumidor e interferir na decisão da compra, e, por outro lado, é necessário que o consumidor não se sinta persuadido, ou seja, que ele acredite que sua escolhe não teve influências de anúncios. Além disso, eles realizam várias críticas do modo que a publicidade se insere em outros meios de entretenimento, como em séries e filmes, ou como os produtos são expostos de forma materialista e individualista. Eles também citam como a publicidade utiliza da responsabilidade social de forma marginalizada, pois a usa como uma artimanha para vender e não com um cunho social
           Já Gualda (2002) afirma que a publicidade utiliza da ilusão para mudar os hábitos do consumidor. Ela exemplifica citando comerciais de carro, que investem, grande parte das vezes, na imagem do homem dirigindo e se sentindo livre, mais confiante, ou até mesmo apto para entrar em um relacionamento por causa do carro.

Características da comunicação persuasiva

           A partir desse ponto é iniciado uma compilação das características da comunicação persuasiva, podemos citar a criação da imagem da marca, dissertada por Lipovestky (1989), para conseguir ter um relacionamento com o consumidor, mesmo que o produto seja supérfluo, a marca consegue criar um vínculo com o consumidor por causa da sua imagem. Além disso, o autor fala sobre o estimulo do consumo excessivo, que também é influenciado pela publicidade. Autores como Nieves (2008) e Baudrillard (1990) também argumentam contra a publicidade, ao afirmar que as publicidades vendem o que não é real ao mostrar para o consumidor algo muito melhor do que o que será consumido na prática.  Agora, falemos sobre ética na publicidade, para isso, Dellazzana cita Crichton (1980), que pontua três aspectos relacionado a moral e ética sobre a publicidade, que geram constantes discussões e reflexões:
  •        A publicidade advoga a seu favor por meio de argumentações forte e persuasivas, porém não utilizam da objetividade ou da neutralidade. Tende a chamar atenção utilizando todos os meios possíveis - palavras, imagens, música - para alcançar o público alvo.
  •        A maioria dos publicitários procura atingir a exatidão, para não vender aquilo que não é.
  •        A publicidade, geralmente, é vista como gananciosa, por estar sempre influenciando o consumo.
História da crítica à publicidade e propaganda

          Agora discutiremos um pouco sobre as críticas à publicidade logo no seu início, esse é um dos tópicos inseridos no texto Crítica da Publicidade: Um Resgate Histórico que, particularmente, me chamaram a atenção.
          A publicidade é uma atividade bastante antiga, tendo seu marco oficial no século XVII com provas documentadas. Hotchkiss (1949) afirma que a prática, já naquela época, fora inconveniente. A divulgação de produtos, principalmente remédios que não funcionavam ou prejudiciais, que ludibriavam os leitores era muito comum e o uso de propaganda abusivas, como ataques aos competidores, apelos as paixões e publicidade testemunhal, também eram bastante veiculadas.
          Dessa forma, autores como Fielding acreditava que a publicidade estava ligada diretamente com a sociedade, como um serviço, por isso, via a necessidade da intervenção do governo nessa atividade. Já para Packard (1970), a solução seria a criação de códigos que definiram os tipos de comportamentos publicitários em éticos ou não. 

Publicidade: o espelho da sociedade

         A publicidade está interligada com o sistema capitalista, por isso, é constantemente alvo de críticas do pensamento esquerdista, pois, para eles, o único intuito da publicidade é estimular objetos desnecessários e criar um estilo de vida por vezes inalcançável por parte da população. Em contraponto, há alguns autores que defendem a publicidade nessa questão de manipulação, como Castro (2006), que defende a publicidade ao afirmar que o consumidor não é suscetível, ou seja, ele escolhe se quer ou não comprar o produto/serviço. Outro argumento utilizado pelos publicitários, é a questão financiamento da cultual nacional e a liberdade de expressão, já que a publicidade está vinculada com jornais e outros meios de comunicação.
         Além disso, para Camargo (2007), a publicidade pode se livrar desse perfil que gera polêmica, ao ser interpretada por outro lado, pelas suas possibilidades de divulgar conteúdos culturais e educativos, tendo um papel mais responsável na sociedade de consumo.

Considerações finais - Minhas palavras

         A leitura desse texto mostrou não só críticas, mas também pontos fracos da publicidade. Porém, estando no âmbito da graduação de Publicidade e Propaganda, vejo que os autores pervertem bastante os publicitários em geral, sendo que cada um possui seu modo de trabalhar, podemos citar Oliveiro Toscani, que fez campanhas publicitárias para Benetton com um cunho social, e era perceptível a fuga dos moldes publicitário usuais da época. Em seu livro, " A publicidade é um cadáver que nos sorri", é possível ler mais sobre sua caminhada nesse projeto e suas opiniões sobre a publicidade divulgar somente "futilidades". 
         Além disso, é possível ver que as críticas, mesmo com o passar dos anos, são similares e, na sua maioria, levantam a questão da manipulação e da busca sem limites pelo lucro. Não julgo essas pessoas por pensarem dessa forma da publicidade, porém, não concordo. A publicidade atual se difere em vários aspectos da passada, e os consumidores também, digo até que a publicidade está muito mais profissional e clara do que antigamente, a própria sociedade contribui para isso. É certeiro que uma propaganda falsa será desmascara quando o produto chegar nas mãos do consumidor, por advento dos próprios meios de comunicação, os mesmo que são financiados pela publicidade. 
         Já sobre a manipulação, nós não estamos aptos a ter tamanho poder sobre a mente das pessoas. Ao estudar um pouco sobre comportamento do consumidor, é possível perceber que existem teorias que podem se adequar para cada tipo de público ou produto, porém, continua sendo um tiro no escuro, pois quando se trata de pessoas, não há uma unidade de pensamento.
       Portanto, nós, como futuros publicitários, e até mesmo os atuais, precisamos nos ater aos detalhes, o que estamos divulgando para as pessoas e não devemos pensar que temos o poder da manipulação, mas temos o poder da fala. Entender cada ser humano é impossível, mas há ações que são indispensáveis quando o assunto é relacionamento, e é isso que fazemos,nos relacionamos com quem está interpretando nossa publicidade, por isso, a ética não deve ser deixada de lado, e o lucro nunca deve vir antes da ética.



Referência: 
Histórias da mídia Campos da Publicidade e da Comunicação Institucional 
Capítulo: Crítica da Publicidade: Um Resgate Histórico
In: link

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Olá, seja bem vindo(a), meu nome é Samla Barbosa de Mesquita, tenho 19 anos e, atualmente, estou cursando Publicidade e Propaganda na Universidade Federal de Goiás. Venho por meio deste blog desempenhar uma atividade complementar da disciplina: História da Publicidade. Aqui será realizado um portfólio temporal, com o objetivo de discutir assuntos e autores tratados em sala de aula, além de discursos feitos por mim. Mesmo sendo um projeto acadêmico, e, consequentemente, temporário, o blog ficará disponível para todos os interessados no assunto.                                                                                                             Att, Samla Barbosa de Mesquita